Bahianinha

«Bahianinha», composta por Noel Rosa por volta de 1932, destaca-se em sua vasta obra por ser um choro instrumental, uma faceta menos conhecida do Poeta da Vila, mais célebre por suas letras geniais e observações sociais. Nesta peça, Noel demonstra sua maestria não apenas com as palavras, mas também com a melodia e a harmonia, característica de sua formação musical abrangente.

O choro, gênero musical vibrante e complexo, era o cerne das rodas de música e da boemia carioca dos anos 30. Noel, um exímio instrumentista (tocava violão, bandolim, entre outros), mergulhava nesse universo com naturalidade. «Bahianinha» é um exemplo claro de seu talento para criar melodias cativantes e ritmos contagiantes, mesmo sem o suporte lírico que o tornaria imortal.

A composição reflete a atmosfera leve e, ao mesmo tempo, melancólica que permeava a vida no Rio de Janeiro daquela época. Embora não haja uma narrativa explícita, o choro evoca imagens do cotidiano, das serestas e dos encontros musicais que tanto inspiravam Noel. É uma prova de que a genialidade do artista transcende os formatos, revelando um Noel Rosa completo, capaz de expressar emoção e arte tanto com a pena quanto com as cordas de seu violão.