Composição de 1935

Uma jura que fiz

Letra

Não tenho amor
Nem posso amar
Pra não quebrar
Uma jura que fiz
E pra não ter
Em quem pensar
Eu vivo só
E sou muito felizAquela que eu mais amava
Só pensava em me trair
Quando eu menos esperava
Partiu sem se despedir
Essa mesma criatura
Quis voltar mas eu não quis
E hoje cumprindo a jura
Vivo só e sou felizUm amor pra ser traído
Só depende da vontade
Mas exixte amor fingido
Que nos traz felicidade
A mulher vive mudando
De idéia e de ação
E o homem vai penando
Sem mudar de opinião

História da Canção

Noel Rosa, o "Poeta da Vila", foi um mestre em traduzir as complexidades da vida urbana carioca em suas letras, e "Uma Jura Que Fiz", gravada em 1935, é um exemplo notável dessa habilidade. A canção mergulha na temática do desengano amoroso, um terreno fértil para Noel, que muitas vezes explorava as nuances das relações com um toque de ironia e melancolia.

A letra revela a história de um homem que, após ser traído por aquela que mais amava, decide se isolar do amor. Ele faz uma "jura" de não mais amar para evitar a dor, optando por uma solidão que ele afirma ser feliz. Essa postura, de um lado, pode ser vista como uma defesa contra a vulnerabilidade; de outro, como um conformismo irônico diante da inconstância do coração humano.

Noel, em sua observação perspicaz do cotidiano, tece um comentário sobre a natureza volátil da mulher ("A mulher vive mudando de ideia e de ação") em contraste com a suposta constância masculina ("E o homem vai penando sem mudar de opinião"). Essa visão, comum na época, reflete os estereótipos de gênero e as expectativas sociais sobre o comportamento amoroso. A canção, portanto, não é apenas um relato pessoal, mas um espelho das convenções e dos conflitos de relacionamento na sociedade carioca dos anos 30.

A capacidade de Noel de transformar experiências pessoais – ou observações – em poesia universal e acessível fez dele um dos maiores cronistas musicais do Brasil. "Uma Jura Que Fiz" é um testemunho de sua maestria em capturar a alma do samba e as dores e alegrias do amor.

Tópicos Relacionados

#Noel Rosa#Samba#Música Brasileira#Anos 30#Desengano Amoroso#História do Samba#Letra de Música#Poeta da Vila#Clássico#Relacionamentos

Conheça outras obras

Mais crônicas e versos do Poeta da Vila o aguardam no acervo.

Explorar o Acervo Completo