Composição de 1933-1934

Foi ele

Letra

Quem roubou o meu capão de estimação?
Foi ele...
Quem abriu o meu portão para o ladrão?
Foi ela...
Depois ele tropeçou... ô... ô
Mas meu galo não se machucou
Quem parou porque a carroça atropelou?
Foi ele...Foi um galo que cantou... có... có...ró...có
Um cachorro que acordou... au, au, au, au, au...
Quem comeu sempre galinha na cozinha?
Foi ele!
Da opereta Ladrão de Galinha
Paródia de Noel Rosa para Foi Ela, de Ary Barroso

História da Canção

A canção "Foi Ele" é um exemplar da genialidade paródica de Noel Rosa, que com sua sagacidade inigualável, transformava obras existentes em novas narrativas repletas de humor e crítica.

Esta peça é explicitamente uma paródia da famosa canção "Foi Ela", de Ary Barroso, um dos grandes nomes da música brasileira na época. A letra detalha de forma pitoresca o roubo de um "capão de estimação", com a culpa sendo alternadamente atribuída a "ele" (quem roubou, quem parou a carroça) e a "ela" (quem abriu o portão para o ladrão). Os sons do cotidiano, como o canto do galo ("có... có...ró...có") e o latido do cachorro ("au, au, au, au, au..."), dão vivacidade à cena.

A curiosidade central é a menção à "opereta Ladrão de Galinha". Noel Rosa, um mestre na observação do dia a dia e das nuances do comportamento humano, frequentemente utilizava o universo da malandragem e dos pequenos delitos para tecer comentários sociais, muitas vezes com um tom irônico e bem-humorado. A ideia de um ladrão de galinhas, um tema recorrente na cultura popular rural e urbana da época, é elevada a um nível teatral com a menção à opereta, sugerindo que esta paródia poderia ter sido concebida para um contexto cênico maior.

A troca do "Foi Ela" original de Ary Barroso para "Foi Ele" por Noel Rosa não é apenas uma inversão de pronome, mas uma inversão de perspectiva, típica do humor noelino, que muitas vezes subvertia expectativas e atribuía papéis de forma inesperada. A narrativa da "galinha na cozinha" e a busca pelo culpado ("Quem comeu sempre galinha na cozinha? Foi ele!") arrematam a história com um toque final de comédia e a clássica ambiguidade de quem realmente levou a culpa na malandragem carioca.

Tópicos Relacionados

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