Composição de 1934

Seu riso de criança

Letra

(Mas) seu riso de criança
Que me enganou
Está num retratinho (bunitinho)
Que eu guardo e não douGuardei sua aliança
Pra ter a lembrança
Do meu violão, que você empenhouA cada amor que passo
Um novo amor eu conheço
Cada paixão que eu esqueço
É mais um samba que façoCanta agora de passagem
Você ouve mas não vê
É a última homenagem
Que eu vou fazer a vocêEu nascendo pobre e feio
Ia ser triste o meu fim
Mas crescendo a bossa veio
Deus teve pena de mim

História da Canção

A canção com o título 'Seu Riso de Criança' é um exemplo fascinante da genialidade de Noel Rosa e de sua forma particular de compor e interligar ideias. As letras fornecidas representam uma compilação de versos que, em sua maioria, pertencem a duas composições distintas de Noel Rosa, ambas lançadas por volta de 1934: 'Eu Fui Feliz' e 'A Última Homenagem'.

O trecho que dá nome à canção, 'Seu riso de criança / Que me enganou / Está num retratinho (bunitinho) / Que eu guardo e não dou', assim como 'Guardei sua aliança / Pra ter a lembrança / Do meu violão, que você empenhou', são extraídos de 'Eu Fui Feliz'. Esta música retrata a desilusão amorosa e as consequências financeiras de um relacionamento, com a imagem do violão empenhado sendo um ícone da boemia e das dificuldades econômicas do Rio de Janeiro da década de 1930.

Já os versos 'A cada amor que passo / Um novo amor eu conheço / Cada paixão que eu esqueço / É mais um samba que faço' e 'Eu nascendo pobre e feio / Ia ser triste o meu fim / Mas crescendo a bossa veio / Deus teve pena de mim' vêm de 'A Última Homenagem'. Esses trechos revelam a autoironia, a capacidade de Noel de transformar suas vivências e desamores em arte, e sua célebre modéstia ou mesmo a consciência de sua condição física e social, que foi compensada por seu talento musical ('a bossa veio').

Essa justaposição de versos cria uma narrativa coesa que transita entre a melancolia da despedida e da desilusão amorosa, a ironia diante das adversidades (como o violão empenhado) e a reflexão sobre a própria vida e o processo criativo. Ambas as músicas foram gravadas por grandes nomes da época, como Silvio Caldas, e solidificam a imagem de Noel Rosa como o 'Filósofo do Samba', capaz de traduzir a alma carioca e as complexidades das relações humanas em versos simples, porém profundos e cheios de significado.

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