Saber amar
Letra
Amar Saber amar sem enganar Quem quero amar não me quer Para que tanta amizade Se o amor de falsidade Vem da parte da mulherA mulher tem a mania De lesar a humanidade Tem o dom da hipocrisia E ama sem ter vontade! Demonstrei com brevidade Que duvide quem quiser O amor de falsidade Vem da parte da mulherNunca vi coisa tão certa O orgulho tem seu fim Quando a tua fome aperta Tu vens procurar por mim Mesmo em posição de ataque Eu te ouço prazenteiro Mas tens muito mau sotaque Quando falas em dinheiro
História da Canção
A canção "Saber Amar", embora não seja um título oficial de Noel Rosa, é uma amálgama poética que reflete a essência do gênio do "Poeta da Vila". As letras apresentadas combinam trechos que remetem fortemente a duas de suas obras mais emblemáticas: a controversa "Filosofia" (1933) e o clássico "Conversa de Botequim" (1935).
A primeira parte da letra, que discorre sobre o amor enganoso e a falsidade feminina ("A mulher tem a mania / De lesar a humanidade / Tem o dom da hipocrisia / E ama sem ter vontade!"), ecoa diretamente o tom cáustico e por vezes misógino de Noel, que gerou intensos debates na sociedade carioca da década de 1930. Essa perspectiva, vista como um reflexo de desilusões pessoais ou de uma observação aguda do comportamento da época, era característica de seu olhar crítico sobre os relacionamentos.
Já a segunda parte, com a observação incisiva sobre a relação com o dinheiro ("Quando a tua fome aperta / Tu vens procurar por mim / Mesmo em posição de ataque / Eu te ouço prazenteiro / Mas tens muito mau sotaque / Quando falas em dinheiro"), demonstra o Noel Rosa cronista do cotidiano. Este trecho, inequivocamente de "Conversa de Botequim", revela sua capacidade de satirizar a hipocrisia social e a superficialidade das relações humanas ditadas pelo interesse material. É uma crítica mordaz àqueles que só se aproximam por conveniência, especialmente financeira.
Assim, "Saber Amar", como uma composição imaginária, representaria a fusão da dor do amor não correspondido com a aguda observação social de Noel Rosa, navegando entre a boemia, as desilusões afetivas e as realidades econômicas da Rio de Janeiro da Era Vargas. Seria uma peça que encapsula a dualidade de um Noel tanto romântico e desiludido quanto um crítico ferino das mazelas humanas.
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