Composição de 1933

Eu sei sofrer

Letra

Quem é que já sofreu mais do que eu?
Quem é que já me viu chorar?
Sofrer foi o prazer que Deus me deu
Eu sei sofrer sem reclamar
Quem sofreu mais que eu não nasceu
Com certeza Deus já me esqueceuMesmo assim não cansei de viver
E na dor eu encontro prazer
Saber sofrer é uma arte
E pondo a modéstia de parte
Eu posso dizer que sei sofrerQuanta gente que nunca sofreu
Sem sentir, muitos prantos verteu
Já fui amada, enganada
Senti quando fui desprezada
Ninguém padeceu mais do que eu

História da Canção

Composta em 1933, “Eu Sei Sofrer” é uma das joias menos faladas do repertório de Noel Rosa, o Poeta da Vila, mas de uma profundidade lírica notável. Em meio a uma profícua produção musical, Noel nos presenteia com uma canção que mergulha na alma humana, explorando a relação com a dor e a resiliência.

A letra, que parece um desabafo pessoal, reflete a filosofia de vida de um homem que, apesar de sua saúde frágil e da intensidade da vida boêmia carioca, transformava o sofrimento em arte. Noel, conhecido por sua perspicácia e ironia, aqui eleva a capacidade de suportar as adversidades a uma virtude, quase um ofício: “Saber sofrer é uma arte”.

Há uma sutil crítica social na comparação entre quem genuinamente padece e aqueles que “sem sentir, muitos prantos verteu”, denunciando a hipocrisia e a superficialidade. A música não é apenas sobre a melancolia, mas sobre uma forma de desafio e orgulho na própria capacidade de superação, algo muito presente na figura do malandro carioca, que Noel tanto retratou e, de certa forma, encarnou. É um testemunho da genialidade de Noel em transformar a experiência individual em uma reflexão universal, eternizada no samba.

Tópicos Relacionados

#Noel Rosa#Eu Sei Sofrer#Samba#História da Música Brasileira#MPB#Anos 30#Boemia Carioca#Sofrimento#Melancolia#Filosofia de Vida#Compositor

Conheça outras obras

Mais crônicas e versos do Poeta da Vila o aguardam no acervo.

Explorar o Acervo Completo