Esquecer e perdoar
Letra
Pelo mal que me fizeste Sem eu merecer Eu te quero perdoar E te esquecer Não deixei de te amar (Vai por mim) Nem posso viver assimQuero agora o teu carinho Quero a tua proteção Quero arranjar padrinho Não quero morrer pagãoVem a forte tempestade Mas depois vem a bonança Sofri tua crueldade Mas minha alma hoje descansa (Só me resta a lembrança)Se deixei de te amar Foi só pela ingratidão Que fizeste sem pensar Sem lembrar de uma paixãoMas agora estou mudado Meu coração não se cansa Por saber que sou amado A minha alma hoje descansa (Vivo só de esperança)Pelo mal que me fizeste Sem eu merecer Eu te quero perdoar E te esquecer Não deixei de te amar (Vai por mim) Nem posso viver assim
História da Canção
A letra de "Esquecer e Perdoar" revela uma faceta mais vulnerável e introspectiva de Noel Rosa, distanciando-se um pouco do malandro cético e irônico para mergulhar nas profundezas do coração partido. Escrita em um período de intensa produção e amadurecimento artístico, esta canção pode ser interpretada como um reflexo das complexas relações amorosas que marcaram a vida do Poeta da Vila.
O dilema central da canção – o desejo de perdoar e esquecer, versus a persistência do amor e a incapacidade de viver sem a pessoa amada – era um tema recorrente na obra de Noel. Contudo, aqui, ele adiciona uma camada de espiritualidade e busca por redenção, evidenciada pelos versos "Quero arranjar padrinho / Não quero morrer pagão". Esta passagem, atípica em sua literalidade para Noel, pode ser lida metaforicamente como um grito por um guia, uma âncora moral ou a busca por uma benção que o liberte da 'pagania' da desilusão amorosa e da vida boêmia sem rumo.
A canção evolui de uma lamentação pela ingratidão para uma busca por paz e esperança. A bonança que sucede a tempestade, e a alma que finalmente descansa, sugerem um processo de cura, ainda que melancólico, marcado pela lembrança e pela esperança. Embora não tenha alcançado o mesmo status de clássicos como "Com Que Roupa?" ou "Fita Amarela", "Esquecer e Perdoar" oferece uma janela para a sensibilidade poética de Noel, mostrando sua capacidade de transitar entre a observação social e a introspecção pessoal mais íntima.
É uma obra que, se não figurou entre seus maiores sucessos de rádio, certamente ecoa a universalidade do sofrimento amoroso e a resiliência humana diante da adversidade, tudo isso sob a pena do mestre do samba carioca.
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