Composição de 1937

O X do Problema

Letra

Nasci no Estácio
Eu fui educada na roda de bamba
Eu fui diplomada na escola de samba
Sou independente, conforme se vêNasci no Estácio
O samba é a corda e eu sou a caçamba
E não acredito que haja muamba
Que possa fazer gostar de vocêEu sou diretora da escola do Estácio de Sá
E felicidade maior neste mundo não há
Já fui convidada para ser estrela do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair do Estácio é que é o X do problemaVocê tem vontade
Que eu abandone o largo de Estácio
Pra ser a rainha de um grande palácio
E dar um banquete uma vez por semana
Nasci no Estácio
Não posso mudar minha massa de sangue
Você pode ver que palmeira do mangue
Não vive na areia de copacabana

História da Canção

A canção "O X do Problema", composta por Noel Rosa, é um vibrante retrato da identidade carioca e da pride in one's roots. Lançada em 1937, esta obra é um diálogo perspicaz sobre a valorização das origens e a recusa em ceder a tentações de uma vida mais "glamourosa" em detrimento da essência.

A letra, cantada por uma personagem feminina forte e independente, é uma ode ao bairro do Estácio, berço do samba no Rio de Janeiro. A personagem se define como "educada na roda de bamba", "diplomada na escola de samba" e "diretora da escola do Estácio de Sá". Este local não é apenas um endereço, mas uma parte intrínseca de sua identidade, seu "massa de sangue", assim como a "palmeira do mangue não vive na areia de Copacabana".

Noel Rosa, com sua maestria em capturar o espírito da boemia e do cotidiano carioca, utiliza a música para expressar a crítica à superficialidade e ao elitismo. O convite para ser "rainha de um grande palácio" é rejeitado pela protagonista, que encontra sua verdadeira felicidade e realização na simplicidade e autenticidade do Estácio. O "X do Problema" reside justamente na impossibilidade de se desvincular de suas raízes e de sua cultura, evidenciando a força da identidade cultural e a resistência às pressões sociais.

A música reflete um período em que o samba ganhava força e se afirmava como expressão cultural legítima, muitas vezes contra o preconceito. A figura da mulher do Estácio se torna um símbolo de resistência e de orgulho, personificando a alma do samba.

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