Composição de 1934

É peso

Letra

É peso, estou pesado
O meu viver é uma sentença 
Que eu fui condenado a cumprir
Esta pena o remorso condena
Eu serei sentenciadoSe eu soubesse que a saudade 
Não se esquece nem querendo
Não deixava essa amizade 
Para não ficar sofrendo
Hoje eu quero e não me queres, 
E o remorso que me invade
É saber que tu preferes 
Morrer longe de saudadeE quando a lua descampa
Um pandeiro a batucar
Saio da roda do samba
Pra ninguém me ver chorar
Ao azar hoje me entrego
Quem tem peso tem azar
Mas o peso que eu carrego
É a pena de te amar

História da Canção

Composta por Noel Rosa em 1934, "É Peso" emerge como uma das canções mais introspectivas e melancólicas do Poeta da Vila. Longe do tom irônico e observador que muitas vezes caracterizou sua obra, este samba mergulha nas profundezas do sofrimento amoroso e do remorso. A letra revela um eu-lírico que lamenta ter deixado uma amizade valiosa, agora condenado a "cumprir" a pena de uma saudade implacável.

Noel, com sua habilidade ímpar, descreve a angústia de um amor não correspondido: "Hoje eu quero e não me queres, / E o remorso que me invade / É saber que tu preferes / Morrer longe de saudade". A canção pinta o cenário do boêmio carioca, mas um boêmio que, em vez de se entregar à alegria do samba, precisa se afastar "pra ninguém me ver chorar" quando "a lua descampa" e o pandeiro batuca. O "peso" mencionado no título é o fardo do amor e do arrependimento, um "azar" que o impede de encontrar consolo.

Apesar de não ter o mesmo impacto midiático de sambas mais satíricos, "É Peso" é um testemunho da versatilidade de Noel Rosa e de sua capacidade de traduzir em versos as nuances da alma humana, solidificando seu legado como um dos maiores letristas da música brasileira.

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