Composição de 1935

Conversa de botequim

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Letra

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas
Um isqueiro e um cinzeiro
Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebolTelefone ao menos uma vez
Para três quatro, quatro, três, três, três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frenteSeu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol

História da Canção

Lançada em 1935, "Conversa de Botequim" é uma das composições mais icônicas e detalhistas de Noel Rosa, o "Poeta da Vila". Esta obra-prima é um retrato vívido e bem-humorado do cotidiano dos botequins cariocas da década de 1930, ambientes que serviam como palco para as mais diversas interações sociais e onde Noel Rosa era um observador assíduo.

A letra, que assume a forma de uma longa lista de pedidos e instruções de um freguês exigente a um garçom, capta com maestria a efervescência e a informalidade desses espaços. Desde o pedido de uma "boa média que não seja requentada" e um "pão bem quente com manteiga à beça", até instruções para fechar a porta, perguntar o resultado do futebol, e até mesmo ligar para um número específico ou "pendurar" a despesa, a canção desenha um personagem com riqueza de detalhes e um toque de ironia.

Noel Rosa demonstra seu gênio ao transformar um diálogo trivial em uma samba-canção cativante, que revela não apenas o perfil do freguês, mas também pincela aspectos da vida urbana da época: a paixão pelo futebol, a presença do "bicheiro", a praticidade do telefone e a cultura do "pendura". A música é um testemunho da capacidade de Noel em observar e eternizar as nuances da alma carioca, conferindo dignidade poética a situações corriqueiras e expressões populares, consolidando-o como um dos maiores cronistas musicais do Brasil.

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