Cidade mulher
Letra
Cidade de amor e ventura Que tem mais doçura Que uma ilusãoCidade mais bela que o sorriso Maior que o paraíso Melhor que a tentaçãoCidade que ninguém resiste Na beleza triste De um samba-cançãoCidade de flores sem abrolhos Que encantando nossos olhos Prende o nosso coraçãoCidade notável Inimitável Maior e mais bela que outra qualquer Cidade sensível Irresistível Cidade do amor, cidade mulherCidade de sonho e grandeza Que guarda riqueza Na terra e no marCidade do céu sempre azulado Teu Sol é namorado Da noite de luarCidade padrão de beleza Foi a natureza Quem te protegeuCidade de amores sem pecado Foi juntinho ao Corcovado Que Jesus Cristo nasceu
História da Canção
Como historiador especialista na obra de Noel Rosa, é fundamental esclarecer que a letra apresentada com o título "Cidade Mulher" não pertence ao repertório do Poeta da Vila. A análise do estilo, temática e vocabulário da canção diverge significativamente da produção de Noel Rosa.
Noel, que faleceu precocemente em 1937, era conhecido por sua aguda observação do cotidiano carioca, sua ironia fina, o retrato do malandro, as desilusões amorosas e as críticas sociais veladas ou explícitas. Suas letras são repletas de gírias da época, referências a personagens e locais específicos do Rio de Janeiro, e uma melancolia ou sarcasmo característicos.
A letra de "Cidade Mulher", por outro lado, apresenta uma idealização romântica e quase utópica do Rio de Janeiro ("Cidade de amor e ventura", "Cidade de flores sem abrolhos", "Cidade de amores sem pecado"), um tom que se afasta do realismo mordaz e da ambiguidade que permeavam as composições de Noel. A menção a um "samba-canção" na própria letra também sugere um período de produção posterior à morte de Noel, quando o gênero se consolidou com as características descritas.
Portanto, embora o título "Cidade Mulher" possa evocar uma sensibilidade poética, não há registros de que esta composição seja de autoria de Noel Rosa. Ela representa um estilo mais próximo de sambas-canção idealizados do meio do século XX, que celebravam a beleza do Rio de forma menos complexa e irônica do que Noel costumava fazer.
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