Onde Está a Honestidade?
Letra
Você tem palacete reluzente Tem jóias e criados à vontade Sem ter nenhuma herança nem parente Só anda de automóvel na cidadeE o povo já pergunta com maldade Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?E o povo já pergunta com maldade Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?O seu dinheiro nasce de repente E embora não se saiba se é verdade Você acha nas ruas diariamente Anéis, dinheiro e até felicidadeE o povo já pergunta com maldade Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?E o povo já pergunta com maldade Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?Vassoura dos salões da sociedade Que varre o que encontrar em sua frente Promove festivais de caridade Em nome de qualquer defunto ausenteE o povo já pergunta com maldade Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?E o povo já pergunta com maldade Onde está a honestidade? Onde está a honestidade?
História da Canção
"Onde Está a Honestidade?" é uma das mais incisivas e atemporais críticas sociais de Noel Rosa, composta em 1933 e lançada em 1934. A música, com sua letra mordaz, espelha um período de intensas transformações no Brasil, marcado pela ascensão do governo Vargas e por rápidas mudanças sociais e econômicas.
Noel, com sua genialidade lírica, direciona seu olhar afiado para a figura do novo-rico, aquele que ostenta "palacete reluzente", "jóias e criados à vontade" e "automóvel na cidade", mas cuja fortuna tem origens obscuras: "Sem ter nenhuma herança nem parente" e cujo dinheiro "nasce de repente". A canção questiona abertamente a legitimidade dessa riqueza e a ética de seu possuidor.
A ironia atinge o ápice quando Noel descreve essa figura como a "Vassoura dos salões da sociedade", que "varre o que encontrar em sua frente" e "promove festivais de caridade em nome de qualquer defunto ausente". Essa passagem é uma crítica direta à hipocrisia e ao oportunismo daqueles que usam a filantropia como fachada para lavar sua imagem ou disfarçar a origem duvidosa de seu patrimônio.
A pergunta recorrente – "Onde está a honestidade?" – ressoa como um coro popular, uma dúvida coletiva sobre os valores morais da sociedade da época. A música é um retrato vívido da desconfiança do povo em relação às fortunas inexplicáveis e à corrupção, temas infelizmente ainda pertinentes. É um exemplo brilhante da capacidade de Noel Rosa de unir leveza melódica a uma profunda e contundente observação social.
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