Composição de 1933

Assim, sim!

Letra

Assim, sim
Mas assim também não
Já não gostas mais de mim
Mas eu não te dei razão.Infelizmente este mundo é sempre assim
Quem ri muito no começo
Chora quando chega o fim.Em mar de rosas começou nossa amizade
E depois tu me entregaste
A tristeza e a saudade.E muita gente que a tristeza desconhece
Chora às vezes de alegria
Quando ri de quem padece.Nas tuas juras eu sorrindo acreditei
Hoje eu choro já descrente
Vendo quanto me enganei.

História da Canção

Composta em um período prolífico de sua carreira, "Assim, Sim!" foi gravada por Noel Rosa e também interpretada por Odete Amaral em 1933, ano que solidificava a imagem do Poeta da Vila como um dos maiores cronistas musicais do Rio de Janeiro.

A letra, aparentemente simples, revela uma profundidade e um certo amargor característicos de Noel. Ele aborda a desilusão nas relações humanas e a efemeridade da felicidade. A canção começa com uma constatação de desamor ("Já não gostas mais de mim / Mas eu não te dei razão"), que rapidamente se transforma numa reflexão sobre a injustiça da vida e a natureza humana.

Versos como "Infelizmente este mundo é sempre assim / Quem ri muito no começo / Chora quando chega o fim" encapsulam a visão melancólica de Noel sobre o destino e as reviravoltas da vida. A música prossegue explorando a traição e a transformação de uma amizade promissora em tristeza e saudade: "Em mar de rosas começou nossa amizade / E depois tu me entregaste / A tristeza e a saudade."

Um dos pontos mais mordazes da composição reside na observação da crueldade social, onde "muita gente que a tristeza desconhece / Chora às vezes de alegria / Quando ri de quem padece". Aqui, Noel Rosa expõe a hipocrisia e a falta de empatia, um traço recorrente em suas críticas sutis ao comportamento humano. A conclusão é a amarga constatação da ingenuidade do eu-lírico e a inevitável desilusão: "Nas tuas juras eu sorrindo acreditei / Hoje eu choro já descrente / Vendo quanto me enganei." A canção é um espelho da capacidade de Noel de transformar observações cotidianas em poesia universal, carregada de emoção e reflexão.

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