Arranjei um fraseado
Letra
Arranjei um fraseado Que já trago decorado Para quando lhe encontrar: "Como é que você se chama"? Onde é que vamos morar?Como eu vou indagar Quando é que eu posso lhe encontrar Para conseguir combinar Onde é o lugar Em que você quer morar?Como vou saber ao certo Quando é que você vem ficar perto E que já designou Onde é o lugar Do nosso lindo château?"Como é que você se chama"? Quando é que você me ama? Onde é que eu vou lhe falar? Como é que você não me diz Quando é que você me faz feliz? Onde é que vamos morar?
História da Canção
Noel Rosa, o Poeta da Vila, tinha uma rara habilidade de transitar entre a crônica social afiada e a delicadeza dos sentimentos mais íntimos. Em 'Arranjei Um Fraseado', somos convidados a entrar na mente de um apaixonado que, com a típica malandragem e o toque de ingenuidade que Noel tão bem retratava, planeja meticulosamente o encontro e o futuro com sua amada.
A canção, se enquadrada no repertório de Noel, ilustraria sua maestria em capturar as complexidades da alma carioca. A repetição das perguntas – 'Como é que você se chama?', 'Onde é que vamos morar?', 'Quando é que eu posso lhe encontrar?' – revela uma ansiedade encantadora, um desejo ardente de concretizar um amor que ainda vive no campo da idealização. É um monólogo interno, quase um ensaio para o grande momento da declaração.
Contextualizando no Rio de Janeiro dos anos 30, a letra reflete a efervescência social e as aspirações românticas da época, onde os flertes e as paqueras nos bondes e nos salões ditavam o ritmo das paixões. Noel, com seu olhar aguçado, traduziria essa busca por um lar e um destino compartilhado em versos que ressoariam com o cotidiano do seu público.
Esta letra pode ser vista como uma faceta menos cínica e mais sonhadora do compositor, que mesmo em meio às suas críticas e ironias, nunca deixou de lado a beleza dos pequenos grandes momentos do amor. A melodia imaginária que acompanharia este 'fraseado' seria, sem dúvida, um samba-canção suave, perfeito para embalar os devaneios de um coração esperançoso, ainda que incerto sobre a resposta do outro.
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