Tipo zero
Letra
Você é um tipo que não tem tipo Com todo tipo você se parece E sendo um tipo que assimila tanto tipo Passou a ser um tipo que ninguém esquece O tipo zero não tem tipoQuando você penetra no salão E se mistura com a multidão Esse seu tipo é logo observado E admirado todo mundo fica Que o seu tipo não se classifica E você passa a ser um tipo desclassificadoEu até hoje nunca vi nenhum Tipo vulgar, tão fora do comum Que fosse um tipo tão observado Você ficou agora convencido Que o seu tipo já está batido Mas o seu tipo é o tipo do tipo esgotado
História da Canção
"Tipo Zero" é um dos sambas mais geniais e linguisticamente ricos de Noel Rosa, lançado em 1935. A canção é um primor da capacidade de Noel de observar e descrever tipos sociais com uma acidez e ironia singulares. A letra tece uma crítica sutil, mas profunda, a um personagem que, em sua ânsia de se adaptar a todos os estilos e se misturar a todas as multidões, acaba por não ter identidade própria, tornando-se um "tipo zero", "desclassificado" e, ironicamente, "inesquecível" justamente por sua falta de originalidade.
A composição reflete o auge da produção de Noel Rosa nos anos 30, período em que ele se consolidava como o "Poeta da Vila", retratando o cotidiano carioca, seus personagens, suas mazelas e suas alegrias com um olhar perspicaz. A repetição exaustiva da palavra "tipo" na letra não é um recurso preguiçoso, mas uma demonstração magistral da manipulação da linguagem para reforçar o conceito central da música.
A crítica ao "tipo" que não tem tipo pode ser interpretada como uma reflexão sobre a busca por aceitação social e a diluição da individualidade em um ambiente urbano e boêmio em efervescência. É uma canção que permanece atual, ecoando a dificuldade de se manter autêntico em um mundo de aparências.
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