Só pra contrariar
Letra
O prazer que tu sentes é quando Estás me contrariando Sem razão Enquanto estou a sorrir Tu choras sem sentir Só por contradição (2x)Não posso mais sofrer assim Tudo tem que ter seu fim Não existe eternidade É melhor viver sozinho Sem dinheiro, sem carinho Com sossego e liberdadeO prazer que tu sentes é quando Estás me contrariando Sem razão Enquanto estou a sorrir Tu choras sem sentir Só por contradição Andando em tua companhia Já peguei esta mania Das vinganças imprudentes E quando o jejum me come Prá contrariar a fome Fico mastigando os dentesO prazer que tu sentes é quando Estás me contrariando Sem razão Enquanto estou a sorrir Tu choras sem sentir Só por contradição
História da Canção
"Só pra Contratariar" é uma das pérolas do vasto repertório de Noel Rosa, o Poeta da Vila, lançada em 1936. A canção mergulha na complexidade das relações humanas, retratando um relacionamento marcado pela discórdia e pela contradição deliberada. Noel, com sua acuidade habitual, descreve um parceiro que encontra prazer em contrariar, mesmo sem razão, e que reage de forma oposta aos sentimentos do eu lírico.
A letra revela uma resignação melancólica e sarcástica. Frases como "Enquanto estou a sorrir / Tu choras sem sentir / Só por contradição" pintam um quadro vívido de uma dinâmica tóxica. O desabafo "Não posso mais sofrer assim / Tudo tem que ter seu fim" mostra a exaustão emocional, culminando na preferência pela solidão: "É melhor viver sozinho / Sem dinheiro, sem carinho / Com sossego e liberdade". Esta última linha, em particular, reflete não só a dimensão pessoal, mas também um eco das dificuldades da vida boêmia e dos tempos de incerteza econômica da década de 1930.
Uma curiosidade da canção reside na forma como Noel expressa a frustração física: "E quando o jejum me come / Prá contrariar a fome / Fico mastigando os dentes". Esta imagem poderosa e visceral é um exemplo da genialidade do compositor em transformar experiências cotidianas e sentimentos universais em poesia e melodia.
A música é um testemunho da capacidade de Noel Rosa de chronicar a vida carioca, seus amores e desamores, com uma mistura única de ironia, melancolia e um toque de humor amargo, consolidando seu legado como um dos maiores nomes do samba e da música popular brasileira.
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