Composição de 1935 (Estimativa)

Silêncio de um minuto

Letra

Não te vejo e nem te escuto
O meu samba está de luto
Eu peço o silêncio de um minuto
Homenagem a história
De um amor cheio de glória
Que me pesa na memóriaNosso amor cheio de glória
De prazer e de ilusão
Foi vencido e a vitória
Cabe à tua ingratidãoTu cavaste a minha dor
Com a pá do fingimento
E cobriste o nosso amor
Com a cal do esquecimentoTeu silêncio absoluto
Obrigou-me a confessar
Que o meu samba está de luto
Meu violão vai soluçarLuto preto é vaidade
Neste funeral de amor
O meu luto é saudade
E saudade não tem cor

História da Canção

Noel Rosa, o 'Poeta da Vila', era um mestre em transcrever as nuances da alma humana em melodia e verso. A letra de 'Silêncio de um Minuto', se atribuída a ele, se encaixa perfeitamente em sua fase mais introspectiva e melancólica, revelando mais uma faceta de sua genialidade em lidar com o desengano amoroso, um tema recorrente em sua vasta obra.

A época em que Noel atuou, os anos 30, era um caldeirão cultural onde o samba, ao sair dos morros para os salões e rádios, carregava consigo as paixões e dramas urbanos. Letras como esta, que falam de luto sem cor e de amor vencido pela ingratidão, seriam um espelho da complexidade dos relacionamentos na boemia carioca. Noel tinha o dom de poetizar a dor, transformando-a em arte sem perder a autenticidade.

Curiosidade: A sutileza com que o 'luto' é abordado – não como vaidade, mas como 'saudade que não tem cor' – é um toque que se alinha à profundidade lírica de Noel, que sempre buscou a reflexão além do óbvio. Ele não apenas descreve a dor, mas a contextualiza filosoficamente. As expressões 'samba está de luto' e 'violão vai soluçar' são personificações clássicas de Noel, que via na música e nos instrumentos extensões de sua própria alma e de seus sentimentos mais íntimos. As metáforas como a 'pá do fingimento' e a 'cal do esquecimento' demonstram sua habilidade singular em pintar cenários emocionais com palavras vívidas e impactantes.

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