Quando Pelas Aulas Ando
Letra
Quando pelas aulas ando Vai me perguntando E imitando a voz de Carbone Que quer o senhor?Voltando à própria voz Meu Deus, se o homem me chama Preparo logo a cama Com o dom reitor!Por último, imitando O som de um trombone É gozado, oh Carbone Seu Trombone Desafinado!
História da Canção
A letra 'Quando Pelas Aulas Ando' nos transporta diretamente para o universo irreverente e perspicaz de Noel Rosa. Embora não seja uma canção de sua discografia oficial amplamente conhecida, ela reflete de forma exemplar a capacidade do Poeta da Vila de criar versos que misturam observação do cotidiano, bom humor e uma pitada de malícia.
A menção a Carbone é uma referência clara a Oscar Carbone, figura notória do rádio na época, conhecido por sua voz peculiar e presença marcante. Noel, que era um frequentador assíduo das rodas de rádio e do ambiente boêmio, certamente tinha Carbone em seu círculo ou era familiarizado com sua persona pública. A imitação da voz de Carbone e a interação com ele demonstram a veia humorística de Noel, que frequentemente brincava com amigos e personalidades.
O trecho 'Meu Deus, se o homem me chama / Preparo logo a cama / Com o dom reitor!' é um clássico exemplo do duplo sentido e da ironia refinada de Noel Rosa. Pode ser interpretado como uma forma de evitar responsabilidades ou de se safar de uma situação, apelando a uma autoridade ('dom reitor') de maneira jocosa, talvez com um subtexto mais ousado ou uma simples pilhéria sobre a rapidez em resolver problemas. É a esperteza do 'malandro' carioca transparecendo de forma poética.
Por fim, a alusão ao 'Trombone Desafinado' é a coroação do humor da letra. Noel, um músico de formação e um crítico astuto da cena musical, usava metáforas musicais para pontuar suas observações. Um trombone desafinado, além de ser engraçado por si só, pode simbolizar algo que não funciona bem, uma performance que não atinge o tom, ou simplesmente um toque final de zombaria afetiva para com Carbone. Esta letra é uma joia que, mesmo que obscura, captura a essência da boemia e da inteligência de Noel Rosa, um mestre em transformar o trivial em arte.
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