Mais um samba popular
Letra
Fiz um poema pra te dar Cheio de rimas que acabei de musicar Se por capricho Não quiseres aceitar Tenho que jogar no lixo Mais um samba popularSe acaso não gostares Eu me mato de paixão Apesar de teus pesares Meu samba merece aprovaçãoEu bem sei que tu condenas O estilo popular Sendo as notas sete apenas Mais eu não posso inventar
História da Canção
A canção "Mais Um Samba Popular", também conhecida pelo seu incipit "Fiz Um Poema Pra Te Dar", é uma joia do cancioneiro de Noel Rosa, gravada em 1933. Nela, o Poeta da Vila tece uma de suas mais sutis e geniais defesas do samba e da arte popular. A letra expõe a vulnerabilidade do compositor que oferece sua criação — um poema musicado — à amada (ou a um ouvinte/crítico em potencial) que, ele sabe, "condena o estilo popular".
Noel utiliza uma dose de autodeboche e ironia ao sugerir que, se sua obra for rejeitada, terá que "jogar no lixo mais um samba popular". A frase mais emblemática é, sem dúvida, "Sendo as notas sete apenas / Mais eu não posso inventar", que resume a genialidade e a aparente simplicidade do samba. É uma resposta elegante àqueles que, talvez, exigiam complexidade erudita, enquanto Noel celebrava a beleza e a verdade nas sete notas da escala musical.
A música reflete o contexto da década de 1930, quando o samba, apesar de sua crescente popularidade e aceitação, ainda enfrentava o preconceito de setores da sociedade que o viam como uma manifestação menor ou marginal. Noel Rosa, com sua perspicácia, eleva o samba ao status de arte legítima, mostrando que a profundidade não está na complicação, mas na capacidade de tocar e expressar o sentimento humano de forma autêntica.
Embora não seja uma de suas músicas mais estrondosas em termos de sucesso comercial imediato, "Mais Um Samba Popular" possui um valor histórico e crítico excepcional, revelando a maestria de Noel em transitar entre o pessoal e o metalinguístico, defendendo sua arte com graça e inteligência.
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