Feitio de oração
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Letra
Quem acha vive se perdendo Por isso agora eu vou me defendendo Da dor tão cruel desta saudade Que por infelicidade Meu pobre peito invadePor isso agora lá na penha Vou mandar minha morena Pra cantar com satisfação E com harmonia Esta triste melodia Que é meu samba em feitio de oraçãoBatuque é um privilégio Ninguém aprende samba no colégio Sambar é chorar de alegria É sorrir de nostalgia Dentro da melodiaPor isso agora lá na penha Eu vou mandar minha morena Pra cantar com satisfação E com harmonia Esta triste melodia Que é meu samba em feitio de oraçãoBatuque é um privilégio Ninguém aprende samba no colégio Sambar é chorar de alegria É sorrir de nostalgia Dentro da melodiaPor isso agora lá na penha Eu vou mandar minha morena Pra cantar com satisfação E com harmonia Esta triste melodia Que é meu samba em feitio de oraçãoO samba na realidade não vem do morro Nem lá da cidade E quem suportar uma paixão Sentirá que o samba então Nasce do coraçãoE quem suportar uma paixão Sentirá que o samba então Nasce do coração
História da Canção
Composta em 1934, Feitio de Oração é uma das joias mais reluzentes da obra de Noel Rosa, o 'Poeta da Vila'. Lançada em um período de grande efervescência cultural no Rio de Janeiro, a canção transcende a simples melodia para se tornar uma profunda reflexão sobre a essência do samba e da experiência humana.
A letra inicia com uma defesa poética contra a 'dor tão cruel desta saudade', elevando o samba a um patamar quase espiritual, como um 'feitio de oração'. A imagem da 'morena lá na Penha' cantando com satisfação e harmonia uma 'triste melodia' ilustra a capacidade do samba de transmutar a melancolia em arte e esperança.
Um dos versos mais icônicos, 'Batuque é um privilégio, Ninguém aprende samba no colégio', reafirma a autenticidade e a origem popular do samba, que não se aprende em instituições formais, mas nasce da vivência. No entanto, é no seu desfecho que Noel Rosa oferece uma de suas maiores contribuições filosóficas ao debate sobre o samba: 'O samba na realidade não vem do morro / Nem lá da cidade / E quem suportar uma paixão / Sentirá que o samba então / Nasce do coração'.
Com essa estrofe, Noel eleva o samba a um universal, desvinculando-o das disputas geográficas ou sociais (como as que por vezes travava com Wilson Batista sobre o 'malandro'). Para o Poeta da Vila, o samba é uma manifestação da alma, nascido da paixão e do sofrimento humano, um lamento transformado em arte, acessível a qualquer um que sinta profundamente. Isso faz de 'Feitio de Oração' um marco na história da MPB, não apenas como uma bela canção, mas como um manifesto sobre a alma do samba brasileiro.
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