Composição de Início dos anos 1930

Cumprindo a promessa

Letra

Eu já jurei ir à Penha, meu bem!
Juro, eu não posso faltar
Pois, tenho medo que a santa
Então, venha zangada me castigarPode chover, pode
Até haver tempestade
Que eu lá vou ter
Com toda boa vontade
Pois, desta vez eu jurei
Não é garganta que quando chegasse
O mês, ajoelhava aos pés da santaNo ano passado, eu bem quis
Ir visitar, quem meus pecados
Sempre soube perdoar
Que crueldade!
Vou brigar com meu amor
Pois, pela dificuldade
É que a promessa tem valor

História da Canção

A canção "Cumprindo a Promessa" (ou "Promessa", dependendo da versão), com sua letra pitoresca, é um primor da capacidade de Noel Rosa de observar e traduzir o cotidiano carioca em música. Embora a autoria de algumas versões possa ser debatida, a temática e o estilo encaixam-se perfeitamente no universo do Poeta da Vila, mestre em retratar as idiossincrasias e a alma do Rio de Janeiro da década de 1930.

A letra evoca um cenário muito comum na época: a promessa a Nossa Senhora da Penha. A Igreja da Penha, com sua famosa escadaria e peregrinação, era um ponto de fé e cultura popular. Noel, com sua ironia fina, narra a determinação do devoto em cumprir o prometido, não apenas por fé, mas também por um certo temor da ira divina: "Pois, tenho medo que a santa / Então, venha zangada me castigar".

A música reflete a mistura de fé, crendice e a malandragem carioca de (quase) cumprir o que se promete, como na passagem "Não é garganta que quando chegasse / O mês, ajoelhava aos pés da santa", sugerindo que nem todas as promessas eram levadas a sério. O toque de gênio de Noel aparece no final, ao justificar o esforço: "Pela dificuldade / É que a promessa tem valor", uma racionalização tipicamente humana que ele tão bem sabia capturar.

Esta obra é um retrato vívido da religiosidade popular, da boemia e do humor presentes na capital federal daquele tempo, demonstrando a habilidade de Noel Rosa em criar sambas que, ao mesmo tempo, divertiam e documentavam a vida de sua gente.

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