Verdade duvidosa
Letra
Deus vê tudo e tudo sabe Mas não sabe calcular A hipocrisia que cabe Dentro deste teu olharNem com meu ciúme nego Tens razão, estou convencida Pois tu também vives cego Às mentiras desta vidaSofreste por mim cantando Zombaste de mim chorando Apenas pra me enganar Mas vou perguntar aos sábios Se a mentira nos teus lábios É verdade em teu olharEu te fito humildemente Mas meus lábios te censuram Porque teu olhar desmente O que os meus lábios juramEu por ti sou enganada Por gostar de me enganar Por querer ser contemplada Pelo teu fingido olhar
História da Canção
“Verdade Duvidosa” é uma joia do cancioneiro de Noel Rosa, gravada originalmente em 1935 pela icônica Aracy de Almeida, a “Dama do Encantado”, uma das maiores intérpretes do Poeta da Vila. A canção reflete a maestria de Noel em transitar pelas complexidades das relações humanas com um olhar aguçado e por vezes amargo. No auge de sua produção, Noel compunha sambas que eram verdadeiros retratos da alma carioca e de seus dilemas.
A letra, profunda e perspicaz, aborda a hipocrisia e o autoengano em um relacionamento amoroso, questionando a sinceridade dos sentimentos e a verdade por trás dos olhares e das palavras. A referência à divindade no início (“Deus vê tudo e tudo sabe / Mas não sabe calcular / A hipocrisia que cabe / Dentro deste teu olhar”) já estabelece o tom irônico e crítico que permeia toda a obra. A música explora a dor de ser enganado por escolha, por um desejo de ser “contemplada / Pelo teu fingido olhar”, evidenciando a dualidade entre a razão e a paixão cega.
Noel Rosa, conhecido por suas letras inteligentes e cheias de malícia, utiliza em “Verdade Duvidosa” uma construção poética que denuncia a falsidade sem perder a elegância. A canção é um exemplo claro de como Noel era capaz de transformar observações cotidianas em arte atemporal, explorando temas universais como a confiança, a decepção e a complexa natureza do amor.
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