Composição de 1932

Fita amarela

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Letra

Quando eu morrer
Não quero choro, nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome delaQuando eu morrer
Não quero choro, nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome delaSe existe alma
Se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão
(Ui sapateia, sapeteia)Quando eu morrer
Não quero choro, nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome delaQuando eu morrer
Não quero choro, nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome delaNão quero flores
Nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta
Com violão e cavaquinhoQuando eu morrerQuando eu morrer
Não quero choro, nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome delaQuando eu morrer
Não quero choro, nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela

História da Canção

"Fita Amarela", composta pelo genial Noel Rosa, é uma das obras mais icônicas do samba carioca e um testamento da irreverência e da genialidade do Poeta da Vila. Lançada em 1932, a canção surge em um período efervescente do Rio de Janeiro, com a solidificação do rádio como meio de comunicação e a ascensão definitiva do samba como gênero musical dominante.

A criação da música é intrinsecamente ligada à vida de Noel Rosa. Conhecido por sua saúde frágil, debilitado pela tuberculose desde a infância, Noel convivia com a iminência da morte de uma forma peculiar. "Fita Amarela" é a sua forma bem-humorada e profundamente humana de encarar a finitude, subvertendo as convenções sociais do luto.

Em vez do choro e da vela tradicionais, Noel deseja uma "fita amarela / gravada com o nome dela", uma referência íntima e romântica a uma musa ou amor idealizado, que personifica a leveza de seu afeto em contraste com a solenidade da morte. A passagem mais célebre e audaciosa é o desejo de que "a mulata sapateasse no meu caixão". Esta imagem, que chocou e divertiu a sociedade da época, é um grito de vida e alegria em face da morte, uma celebração da cultura afro-brasileira e da malandragem carioca que ele tanto amava. É um convite para que, mesmo em seu último repouso, o ritmo e a alegria do samba continuem a ressoar.

As flores e a coroa de espinhos são recusadas em favor do "choro de flauta / com violão e cavaquinho", instrumentos que remetem diretamente às rodas de samba e serestas, preferindo uma despedida com a sonoridade que marcou sua existência. "Fita Amarela" é, portanto, mais do que uma canção sobre a morte; é um manifesto sobre como viver e ser lembrado, um retrato da boemia carioca e da singularidade de Noel Rosa em transformar a melancolia em arte cheia de vida.

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