Ao meu amigo Edgar
Letra
Já apresento melhoras Pois levanto muito cedo E deitar às nove horas Pra mim já é um brinquedoA injeção me tortura E muito medo me mete Mas minha temperatura Não passa de 37Nessas balanças mineiras De variados estilos Trepei de várias maneiras E pesei 50 quilosDeu resultado comum O meu exame de urina Meu sangue 91 Por cento de hemoglobinaCreio que fiz muito mal Em desprezar o cigarro Pois não há material Pro meu exame de escarroAté agora só isto Para o bem dos meus pulmões E nem brincando desisto De seguir as instruçõesQue o meu amigo Edgar Arranque desse papel O abraço que vai mandar O seu amigo NoelP.S: Muito obrigado ao Noel É grande a satisfação Ter um parceiro no céu Quem fala aqui é o João
História da Canção
A obra 'Ao Meu Amigo Edgar' não é uma canção no sentido tradicional, mas sim uma carta-poema que Noel Rosa escreveu ao seu amigo e médico, Dr. Edgar Moresca, durante sua internação em um sanatório em Nova Friburgo, nos últimos meses de 1937. Noel, que sofria de tuberculose, descreve com sua habitual ironia e bom humor o cotidiano do tratamento médico.
Na carta, ele detalha a rotina das injeções, a medição da temperatura (que 'não passa de 37'), o ganho de peso ('Pesei 50 quilos') e até o arrependimento por ter parado de fumar, o que o impedia de realizar o exame de escarro. Essa peça é um testemunho pungente da capacidade de Noel de transformar a própria dor e fragilidade em arte, mantendo a leveza e o sarcasmo mesmo diante de uma doença terminal.
A mensagem final, 'O abraço que vai mandar / O seu amigo Noel', carrega um tom de despedida velada, mas serena. O 'P.S.' presente na letra fornecida é uma adição posterior, que se tornou célebre em algumas publicações e versões da obra. Embora não seja de autoria de Noel Rosa, ele adiciona uma camada metalinguística e de homenagem, com 'João' agradecendo a Noel por um 'parceiro no céu', reforçando o legado do Poeta da Vila de forma póstuma e afetuosa.
Esta carta é um documento histórico e biográfico fundamental para compreender a personalidade e o gênio de Noel Rosa.
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